quarta-feira, 30 de outubro de 2013

DIFERENÇA ENTRE RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO



QUAL A DIFERENÇA DE RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO?


Reencarnação é uma palavra criada por Allan Kardec que significa a volta do espírito “NA” carne, “NUMA NOVA CARNE”. E ressurreição significa “RESSURGIR”. Muitos entendem a ressurreição como o ressurgimento do espírito na carne, mas “NA MESMA CARNE”, ou seja, no mesmo corpo que morreu. Mas, como pode um espírito ressuscitar (ressurgir), por exemplo, num corpo carbonizado, ou que foi comido pelos peixes, etc.? Então, reencarnação significa o retorno do espírito em um novo corpo carnal; e ressurreição significa o retorno do espírito no mesmo corpo carnal, o que cientificamente é impossível. As aparições de desencarnados (mortos) acontecem graças ao corpo espiritual, também conhecido como perispírito ou corpo astral, já que o corpo material está morto. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Jesus quando este se materializou ante os discípulos (Mc 16:4/18; Lc 24:36/49 e Jo 20:19/23). As portas da casa onde os apóstolos encontravam-se estavam trancadas, porque eles tinham medo da

perseguição dos judeus. E estavam eles ainda falando dessas coisas, quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz seja convosco!” Como teria Jesus entrado, se as portas estavam trancadas? Sendo fluídico o corpo com o qual ressurgira, não encontrou nenhum obstáculo nas paredes ou portas trancadas.
Se Kardec não houvesse criado a palavra REENCARNAÇÃO, nós espíritas poderíamos usar a palavra RESSURREIÇÃO para dizer que RESSUSCITAREMOS, ou seja, RESSURGIREMOS em UM NOVO CORPO CARNAL, o sentido seria o mesmo que damos ao significado da palavra REENCARNAÇÃO. Algumas religiões cristãs anunciam a ressurreição dos mortos e o retorno de Jesus para separar o "joio" do "trigo", os "bodes" das "ovelhas", os bons dos maus, transformando a Terra em paraíso pelos "eleitos". Parece filme de horror imaginar corpos decompostos reorganizando-se, reestruturando células e órgãos, com o aproveitamento de átomos que se dispersaram e que, no desdobrar do tempo, formaram incontáveis organismos nos reinos vegetais e animais. Ainda que isso ocorresse, por mágica divina, haveria uma multidão tão grande de ressuscitados que, literalmente, ocuparia todos os espaços, tornando impossível a vida na Terra, já que o homem surgiu há pelo menos um milhão de anos. Essas fantasias, extremamente ingênuas à luz do conhecimento atual, nasceram de interpretações equivocadas, por má fé ou descuido, de textos evangélicos. O "juízo final" é incompatível com a Justiça, pois nenhum crime, por mais tenebroso, nenhum comportamento, por mais vicioso, nenhuma existência, por mais comprometida com o mal, justifica uma destinação definitiva, um sofrimento sem fim. Não há crime que justifique um castigo eterno. Toda sentença deve ser compatível com as necessidades evolutivas de cada um.



Reencarnação não é punição é oportunidade de repararmos os erros que cometemos. Deus é misericordioso, bondoso e justo, ele não castiga ninguém. Ele nos mandou as leis que devemos seguir, através de Jesus. Se nós não seguirmos direitinho estas leis, teremos que nascer de novo, quantas vezes for necessário, para que aprendamos a segui-las. "Se nossa esperança em Cristo se limita a essa vida somos os mais infelizes de todos os homens." - Coríntios 15:19


domingo, 27 de outubro de 2013

O HOMEM DE BEM X LEI DE GERSON


 De há muito se vem buscando parâmetros e diretrizes para a implantação do novo estágio evolutivo da humanidade, a saber : o  mundo de regeneração.
A ordem do dia é transição.
o homo evangelicus, modelo referencial representado por jesus e exemplificado por diversos espiritos de escol que aqui aportaram, de reconhecimento até mundial, sem mencionar os anônimos, que ora engrossam as fileiras dos "regeneradores" da humanidade, como por exemplo, os cientistas, que no sigilo dos seus laboratórios, buscam a solução para os mais diversos males que assolam a humanidade.
somos a pátria do evangelho. o país mais cristianizado da face da terra. entretanto ainda percebemos disparates incompatíveis com este título tão merecidamente atribuído à terra do cruzeiro do sul.
trazemos conosco como herança de nossos ancestrais europeus, nossos colonizadores, a cultura da indolência e da "esperteza", onde o que se deseja é conseguir tudo de forma menos trabalhosa possível.
o comportamento do homem de bem, deveria ser o que se encontra exarado no evangelho segundo o espiritismo, onde  : "Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros., antes que em si mesmo, de tratar dos interesses dos outros, antes que dos seus.", mas o que percebemos nas nossas relações é que prevalece imperiosamente a famosa lei de Gerson, onde todo mundo quer tirar vantagem de tudo e sobre todos.
certa feita, realizando o trabalho de campanha do quilo, de uma das casas espíritas de nossa cidade, junto com o grupo de legionários, em um certo bairro, bati em uma porta para pedir o precioso donativo que serviria para lenitivo material dos menos afortunados, e qual a minha surpresa ao me deparar com um amigo frequentador do mesmo centro, que apesar de contribuir com o alimento, me fez o surpreendente questionamento: "Wandeilson, o que você está ganhando com isso?" 
Infelizmente ainda estamos no patamar do cálculo de " perdas e ganhos" , talvez contaminados pelo sistema capitalista, que mercantiliza todas as relações.
O homem de bem, é menos importante do que o homem de bens.
 Trocadilhos à parte, o homem de bem do ESE, com essa qualidade de pensar primeiro nos outros, ainda parece ser entre nós um estranho no ninho, quase um alienígena, quando não comparado a um louco.
Cabe a nós vanguardeiros da nova geração, modificarmos essa cultura utilitarista, e realmente exaltarmos as qualidades que tornam o ser efetivamente plenificado, e não momentaneamente beneficiado pela busca do caminho mais fácil, a porta larga da nossa zona de conforto, que é um empecilho ao nosso crescimento espiritual.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O ESPIRITISMO E A RIQUEZA



Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. (Mateus 5;3)

Esse ensinamento se torna difícil de ser compreendido, quase enigmático. Segundo o rabi Galileu, um dos requisitos para se ter o reino dos céus é ser pobre de espírito.
Pensemos bem: o indivíduo pobre de espírito é alguém abaixo da linha da mediocridade. Pobre de espírito poderia ser traduzido por pobre de sabedoria, pobre de virtudes, pobre de vontade... Pobre de espírito é uma pessoa exangue, insossa, sem luz, sem brilho.
Partindo desse pressuposto, o próprio Jesus não herdaria o reino do pai, já que ele não se enquadraria nessa categoria de pessoas.
E o que vemos é justamente o oposto: os ricos de espírito são os herdeiros do paraíso. São os luminares da ciência, da arte, da religião, e todos os que impulsionam com o seu talento o resto da humanidade. Eles dão a sua contribuição para tornar o planeta mais parecido com o reino dos céus. 
Então como interpretar o ensinamento do mestre judeu?
         Mas daí fica a questão: será que devemos interpretar os textos evangélicos como nos convém? Será que o cristo não era realmente a favor dos pobres e contra os ricos?
Não estamos nós incorrendo no erro de colocar palavras na boca de Jesus?
Já que “a letra mata e o espírito vivifica”, devemos , portanto, buscar ler nas entrelinhas, para não perder o significado que está por trás do símbolo. Certo?
Em Lucas 6:20; lê-se "bem-aventurados vós, os pobres, pois a vocês pertence o reino de Deus" o que já muda o contexto, partindo para uma abordagem da fragilidade da condição social e econômica daquelas pessoas que o escutavam.
Nesse contexto, o rico não herdaria o reino de deus.
Seria Jesus o precursor do socialismo?
         Parafraseando o mestre: “quem tiver olhos para ver, veja”.
         Os Pobres de espírito no sentido restrito do termo, não poderiam adentrar os páramos celestiais, pela sua oligofrenia, nem os pobres de recursos seriam os eleitos do paraíso simplesmente por não serem abastados.
        Que seja feita a justiça!
        Aos pobres de espírito relatado em Mateus, poder-se-ia dar um significado de “humildes”.
       “bem-aventurados os humildes, pois dele é o reino dos céus”      
        Se ele realmente fosse contra o acumulo de riquezas, da opulência, o que seriam daqueles que hoje seguem a teologia da prosperidade?
       Parece que para os tempos de hoje os ensinamentos crísticos da renúncia aos bens materiais estão ruindo por terra abaixo. Vide o capitalismo.
       Na parábola de lázaro e o rico, vemos que o primeiro não herdou os campos Elíseos por ser pobre, mas por ter suportado a sua pobreza extrema sem se revoltar, enquanto o segundo “queimou no mármore do inferno” não por ser rico, mas por ser avaro, e não ter usado a sua riqueza para promover o bem-estar do próximo.
Não há mal nenhum em ser rico!
Não há virtude alguma em ser pobre!
Existem pessoas que são tão miseráveis, que a única coisa que possuem é o dinheiro. Se lhes tolhem esse bem, entram em desespero, quando não lançam mão do autocídio. 
Existem pessoas tão ricas, que não possuindo nada, nada podem perder, e por isso tudo o que conquistam lhes é inalienável.
Riqueza e pobreza é uma questão de talentos. 

O próprio Jesus disse que veio ao mundo para que todos tenham vida em abundância. Então porque vivemos em um mundo de contrastes, onde a opulência coabita com a miséria de forma tão berrante?
Resposta: Questão de talentos!
No livro "O evangelho segundo o Espiritismo, no cap. XVI, item VIII, se levanta essa questão:

 “A desigualdade das riquezas é um dos problemas que em vão se procuram resolver, quando se considera apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é a seguinte. Por que todos os homens não são igualmente ricos? Por uma razão muito simples: é que não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar.” (grifo nosso)


Nem todos podem ser ricos porque nem todos têm a capacidade para isso.
A parábola dos talentos ilustra muito bem o texto que ora traçamos.
Jesus ilustra a história de um homem, provavelmente rico, que se ausentando de seu país, chama alguns de seus servos e lhes dá talentos para que administrem enquanto estiver fora. Talento era o nome da moeda que se usava na época. Hoje talento diz respeito a capacidades, habilidades.
Cada um desses homens recebeu uma quantidade de talentos. Aquele senhor, depois de muito tempo, volta e resolve acertar contas com os três homens que estavam incumbidos de administrar suas riquezas. Dois deles administraram muito bem, dobrando o valor que lhes foram tutelados. Porém, aquele que recebeu menos foi duramente criticado e punido, pois não fez aquele talento que recebeu render durante todo aquele tempo.
Como todas as parábolas de Jesus têm o símbolo e o simbolizado, e cada um pode dar uma interpretação, podemos recolher para nós um dos aspectos que ela nos proporciona.
Os dois primeiros servos souberam fazer uso dos seus talentos, multiplicando-os.
Todos nós possuímos talentos em forma de potencial, adormecido. Só precisamos despertá-los, e multiplicá-los.
O último servo, que era pobre de espírito, não soube usar o seu talento. Não o usou. Deixou apenas adormecido como potencial latente.
 A luta pela igualdade das riquezas é uma guerra perdida. Não há vencedores nem perdedores. Sempre haverá essa desigualdade, tanto pela naturalidade das nossas capacidades, como pela necessidade no quadro das múltiplas experiências que o imperativo da lei da reencarnação impõe.
O cerne da questão é que as pessoas confundem provas com expiações, no que diz respeito á pobreza e/ou a riqueza. Alguns acham que a pobreza é uma expiação.
Outros podem achar que a riqueza é um prêmio, um bônus por bom comportamento.
À bem da verdade é que ambas são provas. Lembremo-nos que prova diz respeito ao nosso progresso vindouro enquanto a expiação refere-se a “débitos” de vidas passadas.
Lembremos de que toda expiação é uma prova, mas nem toda prova é uma expiação. 
Miséria e riqueza são provas. São testes para o nosso aprendizado e crescimento. Se não conseguimos realizar a prova à contento, repetiremos a lição onde houvermos falhado.
É erro acreditar que se uma pessoa foi mal-sucedida na prova da riqueza, vai ter necessariamente que passar uma existência posterior como um miserável, para sofrer o que fizera sofrer os seus subalternos. Ele irá sim, passar pela prova da pobreza como todo mundo, como uma exigência da própria lei de progresso que regula a natureza das coisas. Se for orgulhoso, vaidoso e nobre, vai sentir na pele mais profundamente do que aquele que já conseguiu vencer esses defeitos morais. Nesse caso o espírito orgulhoso se sentirá em uma existência de expiação.



Wandeilson silva

terça-feira, 15 de outubro de 2013

RESUMO DO LIVRO "MEMÓRIAS DE UM SUICIDA"

A história do livro (Memórias de um Suicida) começa no século XVII, quando nasce um jovem em terras portuguesas numa família pobre, mas que sonhava ser rico, culto e poderoso. Este jovem procurou um pároco e contou seu sonho. O pároco então, passou a ensinar-lhe quanto sabia. Diante das suas ambições, o jovem despertou a vontade de ser um sacerdote. Mas o pároco, disse que o rapaz não tinha vocação para o sacerdócio, e aconselhou-lhe que exercesse o sublime sacerdócio construindo um lar, com respeito, justiça e amando sempre o próximo. O conselho do pároco calou fundo, e os planos foram adiados. O jovem então, apaixonou-se por Maria Magda com fervor. Ambos faziam planos matrimoniais, quando Magda conhece um outro rapaz, Jacinto de Ornelas y Ruiz, apaixona-se, casa-se e muda-se para Madrid. O jovem sentiu-se humilhado, cheio de ódio, rancor, despeitado e jurou vingança. Diante do desgosto, ele reativou a ideia de ser sacerdote e a realizou. Serviu às leis de Inquisição. Perseguia, denunciava, caluniava, fazia intriga, mentia, condenava, torturava e matava. Quinze anos depois do casamento de sua amada Maria Magda, o sacerdote vai para Madrid a mando da Igreja. O acaso então, os colocou novamente frente a frente, trazendo muito ódio à lembrança, mas sentindo que ainda a amava. Tentou cativa-la, mas não conseguiu. Ela resistiu com dignidade. Jacinto, percebeu o assédio do sacerdote à sua esposa. Preparou-se para deixar Madrid, buscando refúgio no estrangeiro para si próprio como para a família. Pois, o medo do oficial do Santo-Ofício era grande. Mas, o sacerdote descobriu, denunciou Jacinto de Ornelas ao tribunal, com muitas acusações. Jacinto foi preso, processado e entregue ao sacerdote, por ordem dos seus superiores. Jacinto foi levado à masmorra infecta, onde passou martirizantes privações e torturas: arrancaram-lhe as unhas e os dentes, fraturaram os dedos, deslocaram os pulsos, queimaram a sola dos pés. Maria Magda, sofria pensando o que poderia estar acontecendo ao marido. Por isso, procurou o sacerdote entre lágrimas, suplicou trégua e compaixão. Ele então, prometeu o marido de volta com uma condição, de que ela se entregasse à ele. Ela relutou, mas acabou aceitando. Pois sabia que se não fizesse o acordo, seu marido seria morto. Dias depois do pacto, Magda vai à sala de torturas, contempla o marido, desespera-se, e não consegue ocultar o ódio pelo sacerdote. Ele notou o desprezo, sentiu-se cansado em lutar por um bem inatingível, pois não conseguia entender aquele sublime amor que cobria as mãos de Jacinto com beijos e lágrimas. E por não conseguir o amor de Magda, a inveja, o despeito, o ciúme, tomou-lhe o coração. As tendências maléficas do passado, vieram-lhe na lembrança, quando no ano 33 gritou junto ao povo para condenar Jesus de Nazaré em favor da liberdade do bandoleiro Barrabás. Ele então, vazou os olhos de Jacinto perfurando-os com pontas de ferro incandescido. Jacinto inconformado com a situação, não querendo tornar-se estorvo à querida companheira, suicidou-se dois meses depois de obter a liberdade. Magda voltou para a terra natal com os filhos, desolada e infeliz. Nunca mais viu o sacerdote ou obteve notícias. O arrependimento não tardou iniciar ao mesquinho ser do sacerdote. Não dormia com tranqüilidade, vivia nervoso e a imagem de Jacinto o atordoava. Ele passou a evitar cumprir as tenebrosas ordens de seus superiores, até que mais tarde foi levado ao cárcere perpétuo. Da Segunda metade do século XVII até o século XIX, ele começou a expiar, na Terra como homem e na erraticidade como Espírito, os crimes e perversidades cometidos sob a tutela do Santo-Ofício. Na Segunda metade do século XIX, reencarnou em Portugal, como escritor famoso, Camilo Castelo Branco, para a última fase das expiações inalienáveis: a cegueira. O mesmo horror que Jacinto de Ornelas sentiu pela cegueira, ele também sentiu. Diante da inconformidade, imitou a gesto, deu um tiro no ouvido, tornando-se em 1890, suicida como Jacinto o fora em meado do século XVII. A cegueira era uma expiação, mas o suicídio não. O suicídio foi uma escolha dele, que perdeu a oportunidade que Deus estava dando para que ele reparasse sua falta do passado. Ele fez mal uso do livre arbítrio. Camilo Castelo Branco lança neste livro, através da médium Yvonne A . Pereira (que também foi uma suicida na sua encarnação passada) um alerta para aqueles que pensam que a vida termina no túmulo. Camilo conta a experiência dele e de outros suicidas como: Jerônimo que deu um tiro no ouvido porque era rico e não suportou a ruína dos negócios comerciais; Mario Sobral perdeu-se nos instintos inferiores, influenciado pela beleza física, a vaidade, a sedução, que pediam cada vez mais prazeres. Quando percebeu que estava perdendo sua esposa para outro, tentou encontrar-se e reconduzir sua vida, mas não conseguiu. Sua esposa não o aceitou. Ele então, à matou estrangulada e logo após enforcou-se; Belarmino era um professor conceituado, diante de uma tuberculose, resolveu acabar com o sofrimento, cortando os pulsos; João era viciado em jogo, perdeu tudo, inclusive a honra e a própria vida, envenenou-se. Uma observação importante: O resgate não é igual para todos. Por exemplo: Jerônimo, o amigo de Camilo, que se matou com um tiro no ouvido porque sua empresa faliu, deixando esposa e filhos em situação difícil, reencarnou em família rica, com o propósito de não formar família, montar uma instituição para crianças órfãs, e ir à ruína financeira novamente, para ter que lutar com coragem; Camilo tornou-se grande trabalhador no Vale dos Suicidas, e após 50 anos reencarnou para cegar aos 40 anos e desencarnar aos 60 anos. Como vemos, ambos deram um tiro no ouvido, mas o resgate foi diferente. Continua no livro...

terça-feira, 8 de outubro de 2013

REFLEXÕES DO ESPÍRITO PADRE DOM HELDER CÂMARA

Recentemente foi lançado no mercado cultural um livro mediúnico trazendo as reflexões de um padre depois da morte, atribuído, justamente, ao Espírito Dom Helder Câmara, bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife, desencarnado no dia 28 de agosto de 1999, em Recife (PE). O livro psicografado pelo médium Carlos Pereira, da Sociedade Espírita Ermance Dufaux, de Belo Horizonte, causou muita surpresa no meio espírita e grande polêmica entre os católicos. O que causou mais espanto entre todos foi a participação de Marcelo Barros, monge beneditino e teólogo, que durante nove anos foi secretário de Dom Helder Câmara, para a relação ecumênica com as igrejas cristãs e as outras religiões. Marcelo Barros secretariou Dom Helder Câmara no per íodo de 1966 a 1975 e tem 30 livros publicados. Ao prefaciar o livro Novas Utopias, do espírito Dom Helder, reconhecendo a autenticidade do comunicante, pela originalidade de suas ideias e, também, pela linguagem, são como se a Igreja Católica viesse a público reconhecer o erro no qual incorreu muitas vezes, ao negar a veracidade do fenômeno da comunicação entre vivos e mortos, e desse ao livro de Carlos Pereira, toda a fé necessária como o imprimátur do Vaticano. É importante destacar, ainda, que os direitos autorais do livro foram divididos em partes iguais, na doação feita pelo médium, à Sociedade Espírita Ermance Dufaux e ao Instituto Dom Helder Câmara, de Recife, o que, aliás, foi aceito pela instituição católica, sem qualquer constrangimento. No prefácio do livro aparece também o aval do filósofo e teólogo Inácio Strieder e a opinião favorável da historiadora e pesquisadora Jordana Gonçalves Leão, ambos ligados à Igreja Católica. Conforme eles mesmos disseram, essa obra talvez não seja uma produção direcionada aos espíritas, que já convivem com o fenômeno da comunicação, desde a codificação do Espiritismo; mas, para uma grandiosa parcela da população dentro da militância católica, que é chamada a conhecer a verdade espiritual, porque "os tempos são chegados", estes ensinamentos pertencem à natureza e, consequentemente, a todos os filhos de Deus. A verdade espiritual não é propriedade dos espíritas ou de outros que professam estes ensinamentos e, talvez, porque, tenha chegado o momento da Igreja Católica admitir, publicamente, a existência espiritual, a vida depois da morte e a comunicação entre os dois mundos.
 Na entrevista com Dom Helder Câmara, realizada pelos editores, o Espírito comunicante respondeu as seguintes perguntas sobre a vida espiritual: 

Dom Helder, mesmo na vida espiritual, o senhor se sente um padre?
Não poderia deixar de me sentir padre, porque minha alma, mesmo antes de voltar, já se sentia padre. Ao deixar a existência no corpo físico, continuo como padre porque penso e ajo como padre. Minha convicção à Igreja Católica permanece a mesma, ampliada, é claro, com os ensinamentos que aqui recebo, mas continuo firme junto aos meus irmãos de Clero a contribuir, naquilo que me seja possível, para o bem da humanidade.
Do outro lado da vida o senhor tem alguma facilidade a mais para realizar seu trabalho e exprimir seu pensamento, ou ainda encontra muitas barreiras com o preconceito religioso?
Encontramos muitas barreiras. As pessoas que estão do lado de cá reproduzem o que existe na Terra. Os mesmos agrupamentos que se formam aqui se reproduzem na Terra. Nós temos as mesmas dificuldades de relacionamento,porque os pensamentos continuam firmados, cristalizados em crenças em determinados pontos que não levam a nada. Resistem à ideia de evolução dos conceitos. Mas, a grande diferença é que por estarmos com a vestimenta do espírito, tendo uma consciência mais ampliada das coisas podemos dirigir os nossos pensamentos de outra maneira e assim influenciar aqueles que estão na Terra e que vibram na mesma sintonia.
Como o senhor está auxiliando nossa sociedade na condição de desencarnado?
Do mesmo jeito. Nós temos as mesmas preocupações com aqueles que passam fome, que estão nos hospitais, que são injustiçados pelo sistema que subtrai liberdades, enriquece a poucos e colocam na pobreza e na miséria muitos; todos aqueles desvalidos pela sorte. Nós juntamos a todos que pensam semelhantemente a nós, em tarefas enobrecedoras, tentando colaborar para o melhoramento da humanidade.         
Como é sua rotina de trabalho?
A minha rotina de trabalho é, mais ou menos, a mesma... Levanto-me, porque aqui também se descansa um pouco, e vamos desenvolver atividades para as quais nos colocamos à disposição. Há grupos que trabalham e que são organizados para o meio católico, para aqueles que precisam de alguma colaboração. Dividimo-nos em grupos e me enquadro em algumas atividades que faço com muito prazer.
Qual foi a sua maior tristeza depois de desencarnado? E qual foi a sua maior alegria?
Eu já tinha a convicção de que estaria no seio do Senhor e que não deixaria de existir.
Poder reencontrar os amigos, os parentes, aqueles aos quais devotamos o máximo de nosso apreço e consideração e continuar a trabalhar, é uma grande alegria. A alegria do trabalho para o Nosso Senhor Jesus Cristo.
O senhor, depois de desencarnado, tem estado com frequência nos Centros Espíritas?
Não. Os lugares mais comuns que visito no plano físico são os hospitais; as casas de saúde; são lugares onde o sofrimento humano se faz presente. Naturalmente vou à igreja, a conventos, a seminários, reencontro com amigos, principalmente em sonhos, mas minha permanência mais frequente não é na casa espírita.
Qual é o seu objetivo em escrever mediunicamente?
Mudar, ou pelo menos contribuir para mudar, a visão que as pessoas têm da vida, para que elas percebam que continuamos a existir e que essa nova visão possa mudar profundamente a nossa maneira de viver. Minha tentativa de adaptação a essa nova forma de escrever foi muito interessante, porque, de início, não sabia exatamente como me adaptar ao médium para poder escrever. É necessário que haja uma aproximação muito grande entre o pensamento que nós temos com o pensamento do médium. É esse o grande problema de todos nós porque o médium precisa expressar aquilo que estamos intuindo a ele. No início foi difícil, mas aos poucos começamos a criar uma mesma forma de expressão e de pensamento, aí as coisas melhoraram.
Outros (médiuns) pelos quais tento me comunicar enfrentam problemas semelhantes.
Foi uma surpresa saber que poderia se comunicar pela escrita mediúnica?
Não. Porque eu já sabia que muitas pessoas portadoras da mediunidade faziam isso. Eu apenas não me especializei, não procurei mais detalhes, deixei isso para depois, quando houvesse tempo e oportunidade. Imaginamos que haja outros padres que também queiram escrever mediunicamente, relatarem suas impressões da vida espiritual.

Por que Dom Helder é quem está escrevendo?
Porque eu pedi. Via-me com a necessidade de expressar aos meus irmãos da Terra que a vida continua e que não paramos simplesmente quando nos colocam dentro de um caixão e nos dizem "acabou- se". Eu já pensava que continuaria a existir, sabia que IGREJA CATÓLICA JÁ RECONHECE COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS haveria algo depois da vida física. Falei isso muitas vezes. Então, senti a necessidade de me expressar por um médium quando estivesse em condições e me fossem dadas as possibilidades. É isto que eu estou fazendo.
Outros padres, então, querem escrever mediunicamente em nosso País?
Sim. E não poucos. São muitos aqueles que querem usar a pena mediúnica para poder expressar a sobrevivência após a vida física. Não o fazem por puro preconceito de serem ridicularizados, de não serem aceitos, e resguardam as suas sensibilidades espirituais para não serem colocados numa situação de desconforto. Muitos padres, cardeais até, sentem a proteção espiritual nas suas reflexões, nas suas prédicas, que acreditam ser o Espírito Santo, que na verdade são os irmãos que têm com eles algum tipo de apreço e colaboram nas suas atividades.
Como o senhor se sentiu em interação com o médium Carlos Pereira?
Muito à vontade, pois havia afinidade, e porque ele se colocou à disposição para o trabalho. No princípio foi difícil juntar-me a ele por conta de seus interesses e de seu trabalho. Quando acertamos a forma de atuar, foi muito fácil, até porque, num outro momento, ele começou a pesquisar sobre a minha última vida física. Então ficou mais fácil transmitir-lhe as informações que fizeram o livro.
O senhor acredita que a Igreja Católica irá aceitar suas palavras pela mediunidade?
Não tenho esta pretensão. Sabemos que tudo vai evoluir e que um dia, inevitavelmente, todos aceitarão a imortalidade com naturalidade, mas é demais imaginar que um livro possa revolucionar o pensamento da nossa Igreja. Acho que teremos críticas, veementes até, mas outros mais sensíveis a dmitirão as comunicações. Este é o nosso propósito.
É verdade que o senhor já tinha alguns pensamentos espíritas quando na vida física?
Eu não diria espírita; diria espiritualista, pois a nossa Igreja, por si só, já prega a sobrevivência após a morte. Logo, fazermos contato com o plano físico depois da morte seria uma consequência natural. Pensamentos espíritas não eram, porque não sou espírita. Sem nenhum tipo de constrangimento em ter negado alguns pensamentos espíritas, digo que cheguei a ter, de vez em quando, experiências íntimas espirituais.
Igreja - Há as mesmas hierarquias no mundo espiritual?
Não exatamente, mas nós reconhecemos os nossos irmãos que tiveram responsabilidades maiores e que notoriamente tem um grau evolutivo moral muito grande. Seres do lado de cá se reconhecem rapidamente pela sua hombridade, pela sua lucidez, pela sua moralidade. Não quero dizer que na Terra isto não ocorra, mas do lado de cá da vida isto é tudo mais transparente; nós captamos a realidade com mais intensidade. Autoridade aqui não se faz somente com um cargo transitório que se teve na vida terrena, mas, sobretudo, pelo avanço moral.
Qual seu pensamento sobre o papado na atualidade?
Muito controverso esse assunto. Estar na cadeira de Pedro, representando o pensamento maior de Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma responsabilidade enorme para qualquer ser humano. Então fica muito fácil, para nós que estamos de fora, atribuirmos para quem está ali sentado, algum tipo de consideração. Não é fácil. Quem está ali tem inúmeras responsabilidades, não apenas materiais, mas descobri que as espirituais são ainda em maior grau. Eu posso ter uma visão ideológica de como poderia ser a organização da Igreja; defendi isso durante minha vida. Mas tenho que admitir, embora acredite nesta visão ideal da Santa Igreja, que as transformações pelas quais devemos passar merecem cuidado, porque nãopodemos dar sobressaltos na evolução. Queira Deus que o atual Papa Ratzinger (Bento XVI) possa ter a lucidez necessária para poder conduzir a Igreja ao destino que ela merece.
O senhor teria alguma sugestão a fazer para que a Igreja cumpra seu papel?
Não preciso dizer mais nada. O que disse em vida física, reforço.Quero apenas dizer que quando estamos do lado de cá da vida, possuímos uma visão mais ampliada das coisas. Determinados posicionamentos que tomamos, podem não estar em seu melhor momento de implantação, principalmente por uma conjuntura de fatores que daqui percebemos. Isto não quer dizer que não devamos ter como referência os nossos principais ideais e, sempre que possível, colocá-los em prática.

Espíritas no futuro?
Não tenho a menor dúvida. Não pertencem estes ensinamentos a nossa Igreja, ou de outros que professam estes ensinamentos espirituais. Portanto, mais cedo ou mais tarde, a nossa Igreja terá que admitir a existência espiritual, a vida depois da morte, a comunicação entre os dois mundos e todos os outros princípios que naturalmente decorrem da vida espiritual. A IGREJA CATÓLICA JÁ ECONHECE A COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS
Quais são os nomes mais conhecidos da Igreja que estão cooperando com o progresso do Brasil no mundo espiritual?
Enumerá-los seria uma injustiça, pois há base em todas as localidades. Então, dizer um nome ou outro seria uma referência pontual porque há muitos, que são poucos conhecidos, mas que desenvolvem do lado de cá da vida um trabalho fenomenal e nós nos engajamos nestas iniciativas de amor ao próximo.
Amor - Que mensagem o senhor daria especificamente aos católicos agora, depois da morte?
Que amem, amem muito, porque somente através do amor vai ser possível trazer um pouco mais de tranquilidade à alma. Se nós não tentarmos amar do fundo dos nossos corações, tudo se transformará numa angústia profunda. O amor, conforme nos ensinou o Nosso Senhor Jesus Cristo, é a grande mola salvadora da humanidade.
Que mensagem o senhor deixaria para nós, espíritas?
Que amem também, porque não há divisão entre espíritas e católicos ou qualquer outra crença no seio do Senhor. Não há. Essa divisão é feita por nós, não pelo Criador. São aceitáveis porque demonstram diferenças de pontos de vista, no entanto, a convergência é única, aqui simbolizada pela prática do amor, pois devemos unir os nossos esforços.
Que mensagem o senhor deixaria para os religiosos de uma maneira geral?
Que amem. Não há outra mensagem senão a mensagem do amor. Ela é a única e principal mensagem que se pode deixar.

Autor: Dom Helder Câmara (espírito)
Médium: Carlos Pereira
Editora: Dufaux